O bom funcionamento do joelho depende de uma série de ligamentos importantes que fornecem estabilidade para os seus movimentos. Principalmente em esportes de alta intensidade e contato, como é o caso do futebol, esses ligamentos são muito exigidos e por isso, são ainda mais essenciais.
Basicamente, são 4 os principais ligamentos do joelho. Primeiramente, temos dois ligamentos que ficam no interior da articulação do joelho e que cruzam entre si, os Ligamentos Cruzado Anterior e Posterior. E também, existem 2 ligamentos em ambos lados do joelho, o Ligamento Colateral lateral (que fica no lado de fora – externo) e o Ligamento Colateral Medial (fica no lado de dentro do joelho – interno) – foto abaixo.
Hoje vou falar de uma ligamento muito importante que é o Ligamento Colateral Medial. O ligamento colateral medial (LCM) é um dos ligamentos responsáveis pela estabilização do joelho conectando o osso da perna (tíbia) ao osso da coxa (fêmur) na lateral interna do joelho. Em relação a sua função, serve para controlar o movimento lateral do joelho, nos dois sentidos, para fora e para dentro. Sendo assim, evita movimentos anormais, segurando para que o joelho não mexa muito para os lados.
O ligamento colateral medial (LCM) é o ligamento que mais rompe no joelho durante a prática de esportes. Até mais que o Ligamento Cruzado Anterior. Sobretudo, esse ligamento rompe nos esportes de alto contato e que envolvem mudança brusca de direção como é o caso do futebol, jiu-jitsu, judô, basquete e handball.
Para se ter uma ideia, são vários atletas que tiveram a lesão desse ligamento num passado relativamente recente. Vamos aos mais conhecidos: Bruno Henrique do Flamengo, Gabriel Jesus do Manchester City, o goleiro Cássio do Corinthians e, no basquete, o jogador Kyrie Irving da NBA.⠀
Em relação ao movimento que causa essa lesão, esta costuma ocorrer principalmente em 2 situações:
Já em relação aos tipos de lesão, sua gravidade é tanto maior quanto maior o grau da lesão. Sendo assim temos:
– grau 1: estiramento. Ou seja, as fibras “esticam” mais que o normal, mas não chegam a romper. Felizmente, é a lesão mais comum nos atletas.
– grau 2: lesão parcial. Nesse caso, somente uma parte do ligamento rompe. ⠀
– grau 3: lesão completa. Por fim, nesse caso, todas as fibras rompem e o ligamento perde totalmente sua continuidade.
No momento da lesão, pode haver um estalo com dor forte no lado de dentro do joelho. Em seguida, o joelho pode inchar rapidamente causando dificuldade de apoiar a perna.
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Inicialmente, fazemos o diagnóstico através de testes clínicos que realizamos no consultório. Através desses testes, já é possível ter uma boa ideia do tipo e gravidade da lesão do Ligamento Colateral medial.
Após suspeitarmos da lesão, é possível confirmá-la através do exame de Ressonância Magnética do joelho. Além de avaliar o Ligamento Colateral medial nesse exame, podemos visualizar se houve lesões de outros ligamentos e estruturas do joelho. Nesse sentido, as lesões mais comumente encontradas junto com o LCM, são a lesão do Ligamento Cruzado Anterior e do menisco medial. Fora as contusões no osso pelo impacto da torção no joelho.
Ao contrário da lesão do Ligamento Cruzado anterior (LCA), a lesão do LCM tem boa capacidade de cicatrização. Mas você pode perguntar: por que alguns ligamentos do joelho cicatrizam (LCM) e outros não (LCA)?
Sem dúvida, essa é uma ótima pergunta. Quem já leu sobre o Ligamento Cruzado Anterior, sabe que esse ligamento tem pouca capacidade de cicatrização quando rompe. Entretanto, o Ligamento Colateral Medial tem ótima capacidade de cicatrização. Isso porque o LCM fica no exterior da articulação (vide figura) o que permite que forme uma ponte entre as extremidades que romperam. Dessa maneira, chegam no local células de cicatrização e bom suprimento de sangue.
Por outro lado, o LCA fica lá dentro da articulação do joelho, onde há uma líquido sobrenadante, o líquido sinovial. Esse líquido fica no meio do caminho entre as extremidades do ligamento que romperam atrapalhando sua cicatrização. Ou seja, as células que permitem a cicatrização não conseguem se manter no local da lesão pelo fluxo do líquido sinovial, no caso do LCA.
Dessa maneira, o tratamento é conservador (sem cirurgia) na maioria dos casos de lesão do Ligamento Colateral Medial. Em primeiro lugar, o paciente precisa utilizar um imobilizador de joelho para auxiliar na cicatrização do ligamento. Em relação do tempo de imobilização, este vai ficar na dependência do grau da lesão:
Na lesão grau 1, são de 2 a 3 semanas de imobilização;
Grau 2: 4 semanas de imobilização;
Grau 3: 6 semanas de imobilização.
Simultaneamente, iniciamos a fisioterapia com foco inicial em melhorar a dor e trabalhar a movimentação do joelho. Num segundo momento, temos que priorizar o fortalecimento muscular, equilíbrio, salto e por fim, treinos de mudança de direção.
Raramente indicamos cirurgia para lesão do Ligamento Colateral Medial. No entanto, vamos indicá-la quando:
– há a lesão do LCM em conjunto com outros ligamentos do joelho, como o Ligamento Cruzado Anterior. Nessa situação, pode ser necessário operar o LCA e/ou o LCM. Depende de cada caso.
– ou em situações especificas em que o LCM pode não cicatrizar. Geralmente isso acontece quando ele rompe na parte dele que fica perto do osso da tíbia. Entretanto, o mais comum é romper perto do fêmur e nesse caso a cirurgia não costuma ser necessária. No caso de romper perto da tibia, pode ficar uma frouxidão persistente do joelho, com sensação de joelho solto ou falso. Por isso a cirurgia torna-se necessária.
No caso de precisar da cirurgia, são basicamente 2 tipos de procedimentos para tratar a lesão do Ligamento Colateral Medial. Vamos a eles:
– Reparo do Ligamento Colateral Medial: nesse tipo de cirurgia, temos que “ligar as pontas” do ligamento, costurando-as. Acima de tudo, essa cirurgia funciona melhor quando o rompimento do ligamento é recente. Caso contrário se passar muito tempo, o tecido do ligamento fica com qualidade ruim e a cirurgia tem piores resultados.
– Reconstrução do Ligamento Colateral Medial: nesse tipo de cirurgia, substituímos o LCM por um pedaço de tendão, que chamamos de enxerto. Geralmente, para o LCM, utilizamos os tendões flexores (semitendíneo ou o grácil). Como falei anteriormente, essa cirurgia de reconstrução é melhor que o reparo quando já passou algum tempo da lesão. Por exemplo, após 3 meses da lesão.
Independente do tipo de cirurgia, o paciente tem que usar o imobilizador de joelho após a cirurgia por até 6 semanas. Ao mesmo tempo, tem que começar a fisioterapia logo na primeira semana para melhora da dor, ganho do movimento do joelho e fortalecimento. Em geral, o retorno ao esporte vai se dar após o 6º mês de cirurgia. Caso o paciente tenha que fazer a Reconstrução do LCA junto, o tempo volta ao esporte pode chegar a 9-12 meses.
Por outro lado, o retorno ao esporte vai ser bem mais rápido se não precisar operar o LCM. Normalmente, o retorno à prática esportiva vai se dar a depender do grau da lesão:
Por último, espero que o artigo seja bastante elucidativo! Fico a disposição para dúvidas ou comentários. Caso prefira, pode me mandar uma mensagem por email: contato@fernandocuryrezende.com.br
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